Dia Mundial da Água (artigo)


18 mar/2016

 Por Wilson Acácio – Professor aposentado da UFJF e vice-presidente do CBH-Caratinga.  

 O Dia Mundial da Água foi instituído em 1993 pela ONU (Organização das Nações Unidas), determinando que o dia 22 de março seria a data oficial para comemorar, realizar  atividades e, também,   para que toda  a humanidade  se conscientize e sensibilize dos graves problemas que hoje ocorrem  em relação com esta  pequena palavra, mas de grande importância e significado – Água.

A água é vida para as pessoas e para o planeta. A água doce é, por si só, o elemento mais precioso da vida na Terra. É essencial para a satisfação das necessidades humanas, a saúde, a produção de alimentos, o saneamento básico,  a energia e a manutenção dos ecossistemas regionais e mundiais.

Não podemos nos esquecer de que dos 100% da camada de água de nosso planeta (hidrosfera), 97% são constituídos de águas salgadas e, os 3% restantes de água doce tem uma distribuição muito irregular – 2,4% estão congeladas nas camadas polares e grandes altitudes e, apenas 0,6% estão nos rios, lagos e lençóis subterrâneos. É exatamente esta ínfima  percentagem que disponibilizamos e contamos para abastecer a mais de 7 bilhões de pessoas para as sua inúmeras necessidades em relação à água!

Hoje, o acesso à água, constitui-se num dos mais importantes limitantes fatores para o desenvolvimento socioeconômico em muitos pontos  do planeta. A sua ausência, ou contaminação, leva à redução dos espaços de vida e ocasiona, além de imensos custos humanos, uma perda global de produtividade social. Em vários pontos do planeta existem competições pela posse e uso das águas, com conflitos geopolíticos e socioambientais, afetando e provocando a morte milhares de pessoas. No Brasil já estamos presenciamos estes fatos!

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), subordinada à ONU,  bem como o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), cerca de 5 milhões de pessoas,  na sua maioria crianças com menos de 5 anos, morrem anualmente devido a falta de tratamento da água. Ainda, de acordo com estes dois órgãos, mais de 2,6 bilhões de pessoas carecem de saneamento básico e mais de um bilhão continuam a utilizar fontes de água impróprias para o consumo. Por falta de água limpa, metade dos leitos hospitalares disponíveis no mundo é ocupada por estes problemas relacionados com a água.   Como se pode constatar, apesar destes dados assustadores, a crise da água constitui-se numa adversidade silenciosa!

A cada ano a ONU lança uma temática para que os diversos segmentos da sociedade possam refletir  sobre os temas propostos. Em 2016, o  assunto é “Água e Empregos: Investir em Água é Investir em Empregos”. Esta matéria é de grande relevância  porque, há  décadas, inúmeras entidades  tem alertado aos  diversos segmentos da sociedade, o poder  público, o setor empresarial sobre os impactos socioeconômicos  que a falta de água pode acarretar à sociedade. Como exemplo, no Brasil, a crise hídrica que vivenciado nos últimos anos, como na Região Sudeste,  faz com que  novas outorgas de uso da água  sejam suspensas. Com isso, muitas empresas foram obrigadas a adiar seus planos de investimentos ou até mesmo a inviabilização de novas plantas,  prejudicando, desta forma, a geração de milhares de empregos.

Neste Dia Mundial da Água não podemos deixar de mencionar o  que aconteceu em  novembro do ano passado, com o rompimento das barragens da Samarco (Mariana),  que  constitui-se no maior desastre ambiental da história do Brasil.  Infelizmente,  a recuperação de todos os ecossistemas afetados  na Bacia Hidrográfica do Rio Doce  será de longo prazo e seu sucesso dependerá de um plano de ação coeso, envolvendo vários atores que trabalhem num projeto factível, integrado, multidisciplinar, usando ao máximo todo o conhecimento que já está disponível visando o sucesso da remediação de todas as áreas afetadas, seja das águas e de toda a biodiversidade.

Estive presente em diversos pontos das áreas  atingidas pela lama  e fiquei impressionado pelos impactos socioambientais  provocados por esta empresa capitalista que coloca o lucro acima de tudo! Faz-se necessário que os (i) responsáveis por esta “ecocatástrofe” sejam exemplarmente punidos de acordo com a legislação vigente em nosso Estado e no País.

Embora se observe pelos países mundo afora tanta negligência e tanta falta de visão com relação a este recurso, é de se esperar que os seres humanos tenham pela água grande respeito, que procurem manter seus reservatórios naturais e salvaguardar sua pureza. De fato, o futuro da espécie humana e de muitas outras espécies pode ficar comprometido, a menos que haja uma melhora na tomada de consciência dos povos  e uma  significativa melhoria   na administração dos recursos hídricos terrestres.