Dia de Campo promovido pelo CBH-Caratinga reúne produtores rurais em Inhapim


4 jun/2014

O Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Caratinga promoveu no último dia 30, em Inhapim, o Dia de Campo do Projeto de Incentivo ao Uso Racional de Água na Agricultura (P22). Cerca de cinquenta produtores rurais da região e membros do CBH participaram do encontro, que contou com palestras e a demonstração do irrigâmetro, aparelho desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), que permite ao produtor saber quando e quanto irrigar.

A presidente do Comitê, Nádia Oliveira Rocha, abriu o evento falando sobre a importância da correta utilização dos recursos hídricos e ressaltou a necessidade de projetos que incentivem uma mudança de comportamento no que diz respeito à conservação e recuperação da bacia. “No nosso planeta, só temos 1% de água potável, e é preciso conservar a qualidade e a quantidade desse recurso. Tudo o que nós pudermos trabalhar para melhorar a qualidade da água, nós devemos fazer”, destaca Nádia.

O engenheiro agrônomo da Emater, Fernando César Ayres, deu início às palestras, falando sobre a importância da implantação e da manutenção do sistema de irrigação para o uso eficiente da água. Os produtores puderam entender melhor sobre os princípios básicos da irrigação, como o porquê de irrigar e como, quando e qual sistema utilizar. “Mas a irrigação sozinha não resolve todos os problemas. É preciso conciliar com uma boa adubação, uma boa selagem”, destacou.

Em seguida, o engenheiro agrícola, Ednaldo Miranda de Oliveira, falou sobre as técnicas de manejo da irrigação e deu início à demonstração do irrigâmetro. “Esse aparelho não precisa de calculadora, não tem bateria. Com um simples treinamento a gente consegue sanar todas as nossas dúvidas sobre irrigação”, explica Ednaldo.

O professor da UFV, Márcio Mota, que participou do desenvolvimento do aparelho, e o especialista do Programa P22, Cleres de Martins Schwambach, deram prosseguimento ao encontro falando sobre o manejo da irrigação utilizando o irrigâmetro. Segundo Márcio, o aparelho funciona como uma planta. De acordo com o tipo de solo, do produto cultivado e o tipo de irrigação, o irrigâmetro é calibrado e cada produtor recebe um treinamento para manusear o equipamento. “O irrigâmetro trata de algo complexo, como é o manejo da irrigação, mas com um manuseio muito simples. Para usá-lo é só seguir o código das cores”, afirma Márcio.

Na Bacia do Rio Caratinga, trinta e seis irrigâmetros já foram instalados gratuitamente pelo P22 e outros quatro estão em processo de implantação. “Existe uma satisfação clara dos produtores que participam do programa”, comenta Márcio. O lavrador Luciano Barbosa teve o equipamento instalado em sua propriedade, onde cultiva banana, há cerca de quarenta dias, e já percebe os resultados. “Eu economizei 30% na energia e estou vendo a planta desenvolver muito mais.”

O PROGRAMA

O Programa de Incentivo ao Uso Racional da Água na Agricultura (P22) está discriminado no Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (PIHR-Doce) e tem como foco a identificação das áreas irrigadas da bacia para a adoção de práticas de conservação e uso racional dos recursos hídricos na agricultura. O desenvolvimento do programa prevê as seguintes etapas:

  • Verificação das condições das estruturas de captação de água, do sistema de irrigação e a condução técnica da lavoura.
  • Caracterização física dos solos das áreas irrigadas.
  • Avaliação dos sistemas de irrigação.
  • Acompanhamento sistemático do manejo da irrigação em cada propriedade selecionada.
  • Capacitação dos produtores quanto à necessidade de água nas culturas.

Cada propriedade selecionada recebe um irrigâmetro, aparelho desenvolvido e patenteado pela Universidade Federal de Viçosa, que permite ao produtor saber quando e quanto irrigar. O irrigâmetro fornece, de maneira simples, informações sobre o consumo de água da cultura e o tempo necessário de irrigação.

Os participantes são indicados pelo Comitê de Bacia Hidrográfica ao qual pertencem, tendo como critérios de seleção o tipo de cultura, a localização geográfica e a zona de conflitos. Após serem selecionadas, as propriedades são visitadas por técnicos, que analisam o tipo de solo, o sistema de irrigação, o produto cultivado e a temperatura do local. A partir das informações coletadas, o aparelho é customizado.

Durante toda a execução do programa, os produtores recebem assistência técnica sobre o manuseio do equipamento, informações sobre a cultura trabalhada e orientações sobre licenciamento ambiental e outorga de água. Ao final dos trabalhos, o participante recebe um relatório individual, contendo dados sobre o manejo da irrigação, quantidade de água utilizada e economia de energia elétrica.

 Em 2013, o programa foi desenvolvido nas bacias hidrográficas dos rios Caratinga (MG) e Guandu (ES). Em 2014, serão contempladas as bacias hidrográficas dos rios Manhuaçu (MG) e Santa Maria do Doce (ES). Em 2015 é a vez de cidades das bacias hidrográficas dos rios Suaçuí (MG) e São José (ES).